quinta-feira, 30 de julho de 2015

Sossego em Jacarepaguá? Moradores desmentem propaganda imobiliáriaLuis Philipe Souza

Foto: DivulgaçãoAnúncios imobiliários dizem que viver na região de Jacarepaguá e adjacências é ter contato com a natureza e reencontrar o sossego. Este é o principal "produto" que construtoras e corretoras vendem para fomentar a habitação em massa de alguns bairros da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. No entanto, moradores antigos da região disseram ao SRZD que a realidade vendida passa longe do que realmente se vê.
Trânsito insuportável, crescimento sem planejamento, desmatamento e desrespeito ao patrimônio histórico estão no topo da ata de reclamações do movimento "S.O.S. Freguesia e Jacarepaguá".
Moradora do bairro da Freguesia há 32 anos, a ecomilitante Marília Castro diz que o problema é generalizado. Segundo ela, a situação se agravou quando em 2004 foi aprovada uma mudança que aumentou o gabarito de construções da região.
"Antigamente aqui tinha muitos sítios grandes, onde tinha somente uma casa e viviam poucas pessoas. Agora são prédios atrás de prédios, onde no mesmo espaço vivem milhares. Eles (imobiliárias) vendem os prédios falando do contato com a natureza, mas na verdade eles estão é desmatando uma boa parte da mata", afirmou, acrescentando que hoje em dia não recomendaria o bairro como um bom lugar para se viver.
Outra moradora que também faz parte do movimento é Gisela Santana. Urbanista, ela atentou para o fato de a maioria das 16 mil unidades prediais construídas desde 2004 não apresentarem redes de esgoto.
"Jacarepaguá é uma das áreas mais desprovidas de esgoto. Não tenho números, mas grande parte desses novos prédios ligam o esgoto na galeria pluvial. Isso não é (rede de) esgoto", argumentou.
Associação apresenta denúncias ao MP
A Associação de Moradores e Amigos da Freguesia (AMAF) está à frente de denúncias ao Ministério Público Estadual e ao Ministério Público Federal para tentar brecar a rápida transformação que a região apresenta. No entanto, o presidente da Associação disse ao SRZD que diversas tentativas de negociação com autoridades já foram feitas, mas que agora eles tentarão ser ouvidos diretamente pelo prefeito Eduardo Paes.
"Tentamos nos reunir com a Secretaria de Urbanismo e não arrumamos nada, fomos no subprefeito e também não resolvemos nada. Agora a gente já partiu para uma mobilização mais direta pra ver se a coisa funciona. A Freguesia está virando um caos e queremos que isso pare. Sei que não se consegue reverter a situação, mas queremos que pelo menos recupere um pouco", afirmou.
No próximo dia 23, uma manifestação no Largo da Freguesia coletará assinaturas para o abaixo-assinado para ser entregue ao prefeito da cidade.

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