domingo, 12 de junho de 2011

" LIMPEZA SEM QUÍMICA "

Limpeza sem química - Limão, vinagre e bicarbonato de sódio ajudam na limpeza


GIOVANNY GEROLLA - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Engana-se quem pensa que o papel do vinagre, do bicarbonato de sódio e do sumo do limão é apenas temperar saladas e deixar um bolo mais fofinho. Na hora da faxina, os três são os principais ingredientes de produtos de limpeza naturais, que não deixam resíduos irritantes ou prejudiciais à saúde, como os de cloro, formaldeído e solventes. De todos, o vinagre é o mais versátil: tira manchas de tecidos, neutraliza odores fortes, remove gordura e limpa azulejos, fogões e panelas, segundo a organização não-governamental Greenpeace.

A empresária Sandra de Godoy Del Picchia, 54, conta que a preferência pelo vinagre é uma herança de família. A mãe dela sempre usou o produto na limpeza, e a receita foi transmitida para seu filho. "Quando entrei em uma casa que tinha armários embutidos, passei vinagre em tudo. Tira cheiro de mofo, de madeira velha, mata traças, é ótimo", elogia.

Em vez de ir para a batedeira com outros ingredientes para fazer um bolo, o bicarbonato de sódio mostra sua faceta faxineira no banheiro. Serve para limpar pias, bidês e vasos sanitários. Também substitui o cloro na remoção de limo. Basta deixá-lo agir por uma hora e depois retirar o limo com uma mistura de suco de limão e sal.

Outra função do bicarbonato de sódio é limpar panelas engorduradas ou manchadas. Pode ser colocado na panela enquanto ela estiver no fogo, até que ele queime e atinja a coloração marrom (confira mais dicas adiante).


Espuma que polui

Márcio Augusto Araújo, 42, consultor do Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica), defende o uso de produtos naturais na limpeza. "Hoje existe pesquisa para o desenvolvimento de produtos biodegradáveis, como os da Cassiopéia, que têm a eficácia de qualquer composto químico e são encontrados no mercado paulista."

No site da empresa, pode-se comprar detergente e concentrados para limpeza à base de babosa (ou aloe vera). Araújo critica o uso, na fabricação de detergentes, de fosfatos, que auxiliam a formação de espuma. "A espuma não limpa, além de provocar eutrofização, crescimento excessivo de plantas aquáticas, acabando com o oxigênio da água e matando peixes."


LIMPEZA NATURAL

Alguns componentes podem causar inflamação nas mãos; outros vão parar em rios e matam os peixes


Química forte irrita a pele e o ambiente

Em casa, os produtos de limpeza à base de ingredientes naturais (que não sejam sintéticos nem contenham substâncias danosas) são indicados porque não deixam resíduos que agridem a saúde.

Depois de limparem a casa, não sujam rios e outras fontes de água onde o esgoto é descartado. Um dos principais poluentes em detergentes e em limpadores multiuso é o fosfato, que, em excesso, causa a eutrofização da água, causando até a morte de peixes. (Nota do site: eutrofização é o enriquecimento do meio aquático com nutrientes, sobretudo compostos de azoto e/ou fósforo, que provoca crescimento acelerado de algas e formas superiores de algas aquáticas perturbando o equilíbrio biológico e a qualidade das águas em causa. Fonte: Aquapor)

A farmacêutica e diretora-executiva da Abipla (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins), Maria Eugênia Proença Saldanha, 38, confirma o problema de eutrofização, mas lembra que a concentração do nível de fosfato em detergentes já é legalmente controlada. Para ela, a questão é descobrir e combater outras fontes de fosfato que poluem as águas.

Saldanha explica que os detergentes têm três grupos básicos de componentes. O primeiro é o dos tensoativos, responsáveis pela remoção da sujeira e pela formação da espuma. No Brasil, por lei, têm de ser biodegradáveis. O segundo grupo é o chamado "builder", em que há fosfatos. Sua função é manter a água alcalina para o tensoativo poder agir. No terceiro grupo estão os ingredientes auxiliares, como cor, perfume e amaciantes, que podem ser evitados na compra de produtos neutros ou transparentes. Esses ingredientes não contribuem com a função de limpeza.

Saldanha afirma que produtos de limpeza de grandes fabricantes nunca foram retirados do mercado por terem provocado qualquer espécie de reação alérgica ou doenças que tenham atingido número relevante de pessoas. "A própria existência das empresas depende da eficácia desses produtos", pondera.


Na pele

A dermatologista Enilde Borges Costa, 56, da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, explica que diferentes fatores influenciam a ocorrência de problemas como a dermatite de contato irritativa, inflamação da pele causada pelo contato constante com componentes que são muito ácidos ou muito básicos. Segundo Costa, a dermatite das mãos é o problema mais freqüente entre pacientes que apresentam exposição contínua a sabão (muito alcalino) e detergentes. Os sintomas são coceira, ressecamento, descamação e rachaduras (nas fases mais agudas). Para evitar que eles apareçam, ela sugere a utilização de luvas e de cremes hidratantes.

Ela conta que, além de alguns produtos possuírem substâncias que são agressivas à pele, mesmo entre os produtos de fabricantes idôneos há pessoas que são mais suscetíveis do que outras à ação dessas substâncias. "Produtos naturais também podem provocar reações graves, como o sumo do limão sobre a pele, que, sob a incidência da luz solar, causa queimaduras", explica a dermatologista. Costa acrescenta que, dentro dos produtos industrializados, existe grande mistura de substâncias que podem não estar indicadas nos rótulos.

Além de evitar adquirir produtos em cuja fórmula constem componentes como cloro, formaldeído e solventes, é importante não comprar produtos sem embalagem própria ou rótulo que descreva os conteúdos químicos e indique o fabricante, orienta o Greenpeace. Na hora da faxina, trapos, por sua vez, devem ser preferidos a toalhas descartáveis.


Frutos ecológicos da Reforma Agrária

"Agricultores assentados na região metropolitana de Porto Alegre começaram a exportar arroz ecológico produzido em seis assentamentos de Nova Santa Rita, Charqueadas, Viamão, Guaíba, Eldorado do Sul e Tapes.

A primeira carga foi enviada aos Estados Unidos na semana passada, no assentamento Lagoa do Junco, em Tapes. Foram carregadas 20 toneladas de arroz branco e 20 toneladas de arroz integral, em sacos de 25kg da marca "Arroz Ecológico", do Movimento Sem Terra (MST).

O arroz é produzido sem nenhum tipo de agrotóxicos, com a técnica da rizipiscicultura, que consorcia a produção de arroz com a criação de peixes, que fazem o trabalho de eliminar parasitas e plantas invasoras.

Segundo o engenheiro agrônomo Nathaniel Schmid, que presta assistência aos agricultores, o arroz ecológico já possui certificações de produto orgânico para os mercados brasileiro, europeu e norte-americano."

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