Por um infortúnio do destino, nascemos no "País das Maravilhas do Futebol" Crescemos ouvindo narrações de jogos, aprendendo as regras, entendendo a hermenêutica futebolística, louvando Pelé, odiando Argentinos, mandando o juiz pra putaqueopariu, torcendo pra algum time e fazendo silêncio sepucral na hora dos jogos.
Em um dado momento da minha vida me dei o direito de odiar futebol. E venho aqui, por meio deste livre espaço de expressão e divagação (minha), pra embasar econômico-político-sócio-culturalmente a minha maledicência contra tal esporte. Se ao fim desta argumentação você não concordar que pelo menos um destes itens é, de fato, muito irritante (mesmo aos mais fanáticos), passo a acompanhar o Brasileirão e torcer pelo XV de Piracicaba. Roxamente.
1. São onze marmanjos de um lado, onze marmanjos do outro, que deveriam fazer terapia em grupo por almejar coletivamente e de forma frustrada uma única e estapafúrdia pelota de couro amarrado cheia de ar. Não vejo POR ONDE isto pode ser interessante.
2. Enfiar a bola dentro de um buraco incontestavelmente grande não me parece nenhum feito a ser comemorado. Não fosse por ter uma mala tentando proteger até eu faria gols.
3. A torcida me irrita profundamente. As pessoas ficam bobas, brigam feito animais, choram feito crianças. São homens, mulheres, crianças, que torcem com TANTA emoção, que me dá náuseas. Alguém precisa apresentar coisas REALMENTE emocionantes para estas pessoas. Chama o Programa do Gugu, chama as revelações da Márcia Goldschmidt, manda a Vanusa cantar o hino, bota o Nelson Ned cantando frevo fantasiado de hawaiana, faz um trio do Emílio Santiago, Elymar Santos e Wando cantando Björk . Isto é emoção, minha gente.
4. Existem mil regras tolas pra deixar tudo mais difícil, e que depois serão pautas de programas de esportes que não acabam nunca, sempre com comentários inflamados e divagações desafortunadas de analfabetos funcionais. Pra quê tanta frescura? manda neguinho correr e fazer a parte dele e tá bom, pô.
5. 90 minutos é muito tempo. Vocês hão de convir comigo que com 90 minutos na mão, pode-se ver um filme, fazer sexo mais de uma vez, rodar o shopping, assistir o SuperPop inteiro, ler o Pequeno Príncipe, malhar pra cacete, escrever várisos Posts em um blog, e tentar ser um ser humano melhor. E os acréscimos, então? Tem piedade, ó Senhor.
6. Ter que aguentar toda Quarta e Domingo em TODOS OS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO os resultados dos jogos, quem sobe e quem desce na tabela do Brasileirão e as cagadas dos juízes. Pensa que se a expectativa de vida do brasileiro é de 78 anos, logo serão vividas aproximadamente 4368 semanas. Se a gente é obrigado a assistir este importúnio pelo menos duas vezes por semana, ao final de uma vida teremos suportado mais ou menos 8736 "Momentos de Resultados dos Jogos". É muito mais do que quantas vezes você vai fazer sexo, por exemplo.
7. Aqueles fiudumasquenga dos jogadores e técnicos tem escolaridade de texugos, salários de Reis e discernimento de toupeiras. Vê o infeliz comentar a própria profissão dele, uma partida de futebol. Não sai nada! É o puro creme do milho verde academicista! É a estratosfera do pensamento. Você vai passar uns bons 18 anos dentro de uma instituição de ensino e NUNCA vai receber 1/47 avos do salário destes infelizes que não fazem nada além de correr atrás de um objeto esférico.